segunda-feira, 14 de março de 2011

"Manhattan"


Todo mundo deveria rever Manhattan de tempos em tempos.


Para mim, o que torna Manhattan mais especial dentro da obra especial de Allen é o conjunto dos seguintes fatores: a fotografia em preto-e-branco de Gordon Willis; o uso sábio, safo, brilhante, da música de George Gershwin; a declaração de amor à cidade do autor, uma das mais belas que o cinema já fez; a trama gostosa, simples, que sabe fazer uma balanceada mistura de humor e melancolia; e, claro, ao elenco competente, afiado, maravilhoso.
Isaac Davis, o Woody Allen de Manhattan, está com 42 anos , teve dois casamentos fracassados, o segundo dos quais terminou quando sua mulher o trocou por outra mulher. Quando a ação começa, está namorando uma garotinha de 17 anos estonteantemente linda, que quer ser atriz de teatro, Tracey (o papel de Mariel Hemingway). Seu maior amigo, Yale (Michael Murphy), crítico e professor de literatura, está casado há vários anos com a doce Emily (Anne Byrne), mas está tendo um caso com uma bela jornalista, mulher cheia de opiniões a respeito de tudo e todos, Mary (o papel de Diane Keaton). Isaac vai primeiro detestar Mary para depois se apaixonar por ela ,tipo aquela velha historia do eu ti odiei mas hoje eu ti amo .





A fotografia merece um comentário à parte: feita novamente por Gordon Willis (com quem Woody fez vários filmes), ela se destaca quando é totalmente escura, deixando a tela preta, e ouvindo-se apenas a voz dos atores. Outro detalhe é a quase ausência de trilha sonora, que aparece com um pouco mais de freqüência da metade para o final do filme.
Os enquadramentos são sensacionais, e o uso de câmera fixa em grande parte do longa (principalmente no início e fim) não deixa o filme perder a qualidade. Muitas vezes, os personagens aparecem conversando fora do enquadramento, ou muito próximos ao canto da tela. Em outros momentos, o personagem filmado não é o que está falando, ou seja, Woody foca na reação de quem está ouvindo a conversa.
Manhattan é um filme divertido, leve, com final romântico, porém sem ser água-com-açucar. No geral, faz o espectador pensar sobre suas relações e refletir em como a vida dá voltas e as coisas que parecem estar tranqüilas, podem mudar de uma hora pra outra. A instabilidade e imprevisibilidade dos relacionamentos humanos é a peça chave do filme, que é, sem dúvida, um dos grandes clássicos da carreira de Woody Allen.

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