domingo, 6 de março de 2011

"127 Horas"



O diretor Danny Boyle("quem quer ser um milionario" ,"Trainspotting"),consegue com sua camêra rápida, sentimental, louca e totalmente inventiva contar uma história dramática de alguém que aparentemente, ama a vida, e iria a extremos para não perdê-la. Não caia na armadilha de achar que e por ser um filme onde um cara fica preso em uma fenda de rochas, ele será maçante e arrastado. Além de todos os quesitos já expostos aqui, Danny salva o longa por fazer um trabalho exato, me referindo ao tempo. Talvez outro diretor colocaria 30 minutos a mais, fato que quebraria a hábil narrativa.
São várias as virtudes de 127 Horas. Tecnicamente, um filme possui uma montagem precisa. A trilha sonora de A.R. Rahman é tão alternativa quanto a personalidade do protagonista. A fotografia é bela em enquadramentos maiores, eficiente quando focada apenas em Franco, capturando o cenário de sua batalha para continuar vivo. O roteiro de Boyle e Simon Beaufoy surpreende, apesar de grande parte do filme não conter diálogos.






Artisticamente, 127 Horas é imperdível. A direção de Bolye se preocupa em introduzir o estilo aventureiro de Ralston logo no coméco da trama, mostrando como o alpinista gosta de adrenalina e diversão. Assim que Ralston cai em um cânion isolado e fica com o braço preso e esmagado por uma rocha, Boyle intercala o cenário do drama com a mente em destruição do protagonista, que ao passar das horas começa a lembrar de fatos marcantes de sua infância, revelando um certo egoísmo no seu estilo de vida que o afastou de seus pais e da ex-namorada. Quando Ralston decide gravar seus pensamentos com a filmadora portátil, os olhos de James Franco entregam todo o sentimento do aventureiro, em uma performance incrivelmente autêntica e hipnotizante. Franco não exagera na atuação, nos fazendo acreditar que aquela pedra era consequência de uma escolha de vida de Ralston, demonstrada em uma forte e emocionante cena, onde sua ex-namorada, logo após o término do relacionamento, fala para Aron que ele ficará sozinho para o resto da vida. E quando assistimos ao filme, percebemos que talvez este realmente seria o destino do alpinista.
Até então um ator pouco reconhecido, James Franco leva o filme nas costas com uma atuação que lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar de Melhor Ator. Ele ajuda a enaltecer o realismo da história e consegue mostrar de forma incrível as diversas emoções que o seu personagem vive durante as agonizantes 127 horas.




O filme não tenta transformar Ralston em um grande herói e sim um homem comum que tomou uma série de atitudes erradas, afinal ir para uma aventura no deserto sem avisar ninguém e sem celular, não é uma atitude elogiável e inteligente. Ele só toma a decisão que mudou sua vida quando estava prestes a morrer e finalmente percebeu o quanto sentiria falta de tudo aquilo que antes desta tragédia não tinha tanto valor. Apesar da grande repercussão e polêmica, a cena da amputação não é tão forte e choca mais pelo seu realismo.

Boyle mais uma vez esbanja estilo e técnica para contar uma história de superação de uma maneira diferente e deixando de lado alguns clichês do gênero, uma aula de cinema


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